segunda-feira, 9 de abril de 2012

In Hoc Signo - Madeira Wine in Museu da Electricidade

Nova exposição de Diogo Goes junta política, religião e outros temas numa abordagem provocatória
por Paula Henriques, Diário de Notícias EDIÇÃO IMPRESSA
“Não me interessa que as pessoas digam ele até pinta bem, ele até desenha bem (...). Mas interessa-me esta desconstrução ideológica do bonito. E interessa-me a história do feio, a mensagem (...). Aqui interessa que o espectador até não goste. Porque a cor é violenta, porque a mensagem é violenta” diz Diogo Goes sobre ‘In Hoc Signo – Madeira Wine’, a exposição que abriu ontem no Museu da Electricidade da Madeira – Casa da Luz. Os trabalhos do jovem madeirense e de Agostinho Santos ficam patentes ao público até 4 de Maio. É com uma exposição provocatória, intensa em cores e formas que o jovem artista plástico regressa ao Funchal, a terra Natal que deixou há cinco anos para se formar em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. A religião, a política, o aborto, o sexo, a natureza são focados no conjunto, um trabalho realizado entre a figuração e a abstracção a partir de um conto popular madeirense que quer acima de tudo inquietar e despertar para o lado ‘feio’ da arte. O jovem de 22 anos confessa que não é inocente. “Há uma ideologia no sentido bom da palavra, quanto às concepções da pintura, em que há sempre uma mensagem político-religiosa, que quem me conhece sabe qual é aquela em que acredito, mas eu tento provocar o espectador potenciando exactamente o contrário. E ao mesmo tempo que falo de dogmas teológicos, coloco numa bordagem mais erótica; ao mesmo tempo que falo de um modo político, desconstruo através da pintura. Interessa-me aqui o confronto de ideias”. As figuras do burro, da galinha, da cabra e do cão foram retiradas do conto popular da pisa da uva e são exploradas num plano político e num plano religioso, dando corpo a uma narrativa em torno do vinho Madeira. os materiais são diversos, com predominância da madeira. Diogo Goes recupera a herança histórica dos retábulos que antigamente eram feitos directamente sobre este material. O vidro, o arame, o inox também estão presentes. De destacar a presença de algumas estátuas religiosas e de uma instalação que acompanha a dezena e meia de trabalhos em grande formato. Na instalação amontoa os quadros queimados no decorrer de uma performance gravada em vídeo que esteve no Museu de Serralves e noutros espaços do Porto que é apresentada também no Funchal. As imagens são de um artista a queimar os trabalhos e a autoflagelar-se por isso. ‘In Hoc Signo – Madeira Wine’ partiu de uma proposta da Fundação da Juventude em relação ao Vinho do Porto, estendida à Região com novos trabalhos. A maior parte dos trabalhos foram realizados especificamente para o Funchal. Outros já estiveram em exposição no Porto.Além desta, no dia 17 de Maio abre outra no Instituto do Vinho, uma colectiva com Diogo Goes, Agostinho Santos e Jorge Braga; e uma terceira também dos três na segunda semana de Junho, em dia a confirmar, no Teatro Baltazar Dias.